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Indústria de revestimentos na África do Sul, mudanças climáticas e poluição plástica

Especialistas agora defendem um foco maior no consumo de energia e em práticas de pré-consumo no que diz respeito a embalagens, a fim de reduzir o desperdício de descartáveis.

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Os gases de efeito estufa (GEE) causados ​​pelo uso excessivo de combustíveis fósseis e pelas práticas inadequadas de gestão de resíduos são dois dos principais desafios enfrentados pela indústria de revestimentos na África. Daí a urgência de inovar em soluções sustentáveis ​​que não apenas protejam a sustentabilidade do setor, mas também garantam aos fabricantes e participantes da cadeia de valor despesas operacionais mínimas e altos lucros.

Especialistas agora defendem um foco maior no consumo de energia e em práticas de pré-consumo no que diz respeito a embalagens, a fim de reduzir o desperdício descartável, para que a região possa contribuir efetivamente para emissões líquidas zero até 2050 e expandir a circularidade da cadeia de valor da indústria de revestimentos.

África do Sul
Na África do Sul, a forte dependência de fontes de energia movidas a combustíveis fósseis para alimentar as operações das fábricas de revestimento e a ausência de procedimentos de descarte de resíduos bem regulamentados e aplicáveis ​​forçaram algumas empresas de revestimento do país a optar por investimentos em fornecimento de energia limpa e soluções de embalagem que possam ser reutilizadas e recicladas tanto pelos fabricantes quanto por seus consumidores.

Por exemplo, a Polyoak Packaging, sediada na Cidade do Cabo e especializada no design e fabricação de embalagens plásticas rígidas ecologicamente responsáveis ​​para aplicações alimentares, de bebidas e industriais, afirma que as mudanças climáticas e a poluição plástica, parcialmente atribuídas ao setor manufatureiro, incluindo a indústria de revestimentos, são dois dos "problemas complexos" do mundo, mas para os quais existem soluções disponíveis para os participantes inovadores do mercado de revestimentos.

Cohn Gibb, gerente de vendas da empresa, afirmou em Joanesburgo, em junho de 2024, que o setor energético será responsável por mais de 75% das emissões de gases de efeito estufa, sendo a energia global derivada de combustíveis fósseis. Na África do Sul, os combustíveis fósseis representam até 91% da energia total do país, em comparação com 80% globalmente, com o carvão dominando o fornecimento nacional de eletricidade.

“A África do Sul é o 13º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, com o setor energético mais intensivo em carbono entre os países do G20”, afirma ele.

A Eskom, empresa de energia elétrica da África do Sul, "é uma das maiores produtoras globais de gases de efeito estufa, emitindo mais dióxido de enxofre do que os EUA e a China juntos", observa Gibb.

As elevadas emissões de dióxido de enxofre têm implicações para os processos e sistemas de fabricação da África do Sul, evidenciando a necessidade de opções de energia limpa.
O desejo de apoiar os esforços globais para reduzir as emissões provenientes de combustíveis fósseis e diminuir os custos operacionais, bem como mitigar os constantes cortes de energia impostos pela Eskom, levou a Polyoak a investir em energia renovável, o que permitiria à empresa gerar cerca de 5,4 milhões de kWh anualmente.

A energia limpa gerada "economizaria 5.610 toneladas de emissões de CO2 anualmente, o que exigiria o corte de 231.000 árvores por ano para absorver essa energia", afirma Gibb.

Embora o novo investimento em energia renovável seja insuficiente para sustentar as operações da Polyoak, a empresa investiu, entretanto, em geradores para garantir o fornecimento ininterrupto de energia durante os cortes de energia, visando a máxima eficiência da produção.

Em outro contexto, Gibb afirma que a África do Sul é um dos países com as piores práticas de gestão de resíduos do mundo e que seriam necessárias soluções inovadoras de embalagens por parte dos fabricantes de revestimentos para reduzir a quantidade de resíduos não reutilizáveis ​​e não recicláveis ​​em um país onde até 35% dos domicílios não possuem nenhum tipo de coleta de lixo. Uma grande parte dos resíduos gerados é descartada ilegalmente em áreas degradadas, muitas vezes expandindo assentamentos informais, segundo Gibb.

Embalagem reutilizável
O maior desafio na gestão de resíduos vem dos plásticos e revestimentos. Empresas e fornecedores de embalagens têm a oportunidade de reduzir o impacto ambiental por meio de embalagens reutilizáveis ​​de longa duração que podem ser facilmente recicladas, se necessário.

Em 2023, o Departamento de Florestas, Pescas e Meio Ambiente da África do Sul desenvolveu as diretrizes de embalagem do país, que abrangem quatro categorias de fluxos de materiais de embalagem: metais, vidro, papel e plástico.

Segundo o departamento, a diretriz visa ajudar a "reduzir o volume de embalagens que acabam em aterros sanitários, melhorando o design do produto, aumentando a qualidade das práticas de produção e promovendo a prevenção do desperdício".

“Um dos principais objetivos desta diretriz de embalagens é auxiliar os designers de todos os tipos de embalagens a compreender melhor as implicações ambientais de suas decisões de design, promovendo assim boas práticas ambientais sem restringir as opções”, disse a ex-ministra do DFFE, Creecy Barbara, que desde então foi transferida para o departamento de transportes.

Na Polyoak, diz Gibb, a administração da empresa tem investido em embalagens de papel com foco na "reutilização de caixas de papelão para preservar árvores". As caixas da Polyoak são feitas de papelão próprio para contato com alimentos, por questões de segurança.

“Em média, são necessárias 17 árvores para produzir uma tonelada de placa de carbono”, diz Gibb.
“Nosso sistema de devolução de embalagens facilita a reutilização de cada embalagem em média cinco vezes”, acrescenta, citando a meta de 2021 de comprar 1.600 toneladas de embalagens novas, reutilizando-as e, assim, economizando 6.400 árvores.”

Gibb estima que, em pouco mais de um ano, a reutilização de embalagens de papelão economiza 108.800 árvores, o equivalente a um milhão de árvores em 10 anos.

A DFFE estima que mais de 12 milhões de toneladas de papel e embalagens de papel foram recuperadas para reciclagem no país nos últimos 10 anos, com o governo afirmando que mais de 71% do papel e das embalagens recuperáveis ​​foram coletados em 2018, totalizando 1,285 bilhão de toneladas.

Mas o maior desafio que a África do Sul enfrenta, assim como muitos países africanos, é o crescente descarte não regulamentado de plásticos, especialmente grânulos ou flocos de plástico.

“A indústria do plástico deve impedir o derramamento de grânulos, flocos ou pós de plástico no meio ambiente, provenientes de instalações de fabricação e distribuição”, disse Gibb.

Atualmente, a Polyoak está conduzindo uma campanha chamada "catch that pellet drive" (recolha esses grânulos), com o objetivo de impedir que grânulos de plástico cheguem aos sistemas de drenagem pluvial da África do Sul.

“Infelizmente, os grânulos de plástico são confundidos com refeições saborosas para muitos peixes e aves depois de escaparem pelos bueiros, chegarem aos nossos rios, seguirem rio abaixo até o oceano e, eventualmente, serem levados pelas correntes marítimas até nossas praias.”

Os grânulos de plástico têm origem em microplásticos derivados de pó de pneus e microfibras provenientes da lavagem e secagem em máquina de roupas de nylon e poliéster.

Pelo menos 87% dos microplásticos comercializados são provenientes de sinalização rodoviária (7%), microfibras (35%), poeira urbana (24%), pneus (28%) e grânulos de plástico (0,3%).

É provável que a situação persista, já que, segundo a DFFE, a África do Sul não possui "programas de gestão de resíduos pós-consumo em larga escala para a separação e o processamento de embalagens biodegradáveis ​​e compostáveis".

“Como consequência, esses materiais não têm valor intrínseco para os catadores de lixo formais ou informais, portanto, é provável que os produtos permaneçam no meio ambiente ou, na melhor das hipóteses, acabem em aterros sanitários”, disse a DFFE.

Isto apesar da existência das Seções 29 e 41 da Lei de Proteção ao Consumidor e das Seções 27(1) e (2) da Lei de Normas de 2008, que proíbem alegações falsas, enganosas ou fraudulentas relativas aos ingredientes ou características de desempenho dos produtos, bem como impedem as empresas de alegarem falsamente ou operarem de uma forma que possa "criar a impressão de que os produtos cumprem uma Norma Nacional Sul-Africana ou outras publicações da SABS".

A curto e médio prazo, a DFFE insta as empresas a reduzirem o impacto ambiental de produtos e serviços ao longo de todo o seu ciclo de vida, "uma vez que as alterações climáticas e a sustentabilidade são os maiores desafios da sociedade na atualidade, sendo, portanto, fundamental".


Data da publicação: 22 de agosto de 2024